quinta-feira, 1 de abril de 2010

VIELA NORTE

EU TIVE UMA EXPERIÊNCIA MARCADA NA VIELA NORTE, MUITO ANTES DELA SER CONHECIDA AQUI NO BAIRRO COMO A VIELA DA SOMBRA. HÁ CERCA DE QUINZE ANOS ESSE BECO ERA BEM MAIS ESCURO E FAMILIAR. NÃO TINHA ESSA MISTURA DE GENTE NOTÍVAGA, QUE SAI DE CASA NO COMEÇO DA LUA E VOLTA QUANDO ESTÁ CLAREANDO. ANTES MORAVAM OPERÁRIOS, DONOS DE MERCEARIAS, APOSENTADOS, E UM RESTANTE DE GENTE DISCRETA. AS PORTAS DE FERRO DOS EDIFÍCIOS GRUDADOS UNS NOS OUTROS ÀS VEZES RANGIAM COM A CHEGADA DE ALGUÉM NAS HORAS MAIS AVANÇADAS. ENTRE ALGUNS PRÉDIOS HAVIA UM ESPAÇO PEQUENO, NO BREU, QUE OCUPAVAM QUASE SEMPRE COM IMENSOS LATÕES DE LIXO. ERAM TÃO GRANDES ESSES LATÕES QUE DARIA PARA SE ESCONDER ATRÁS DELES SEM SER VISTO.
DA JANELA DO MEU QUARTO, QUE ERA A ÚNICA DO LADO DIREITO DO EDIFÍCIO, EU TINHA UMA VISÃO DO FIM DO BECO NUM ESTREITO DE PAREDES QUE APARENTAVAM UMA CELA. NÃO DAVA PARA ENTENDER O PORQUÊ DAQUELE ESPAÇO NÃO TER SIDO OCUPADO PELO HALL DO OUTRO PRÉDIO. MAS A VERDADE É QUE HAVIA MUITO REMENDO DE PAREDE NA VIELA. NUMA MADRUGADA, OLHANDO PELA FRESTA DA JANELA, VI UM CARA DE BOTA E COURO TIRAR O PAU PARA FORA E MIJAR NESSE QUADRADO DA CELA. ELE MIJOU BEM DEMORADAMENTE, DEU UMA SACUDIDA DAQUELAS NO PAU E O GUARDOU. LOGO CHEGOU UM AMIGO DELE E ELES SAÍRAM DALI. ACOMPANHEI OS DOIS PELA JANELA DA SALA, FORAM SEGUINDO ATÉ A AVENIDA E SUMIRAM.
NÃO CONSEGUI DORMIR DIREITO NESSA NOITE. FICAVA LEMBRANDO DA CENA, DESDE A HORA QUE ELE DESABOTOOU O ZÍPER E DEIXOU A ROLA LIVRE. EU JÁ CONHECIA AQUELE CARA DE VISTA E A PRIMEIRA COISA QUE TINHA REPARADO NELE ERA A CARA MAL ENCARADA. DEPOIS PERCEBI QUE TINHA UM NARIZ COMPRIDO COM ABERTURAS NA LATERAL, BEM DESENHADO. O OLHO ESCURO FAZIA UM CONJUNTO COM ESSE NARIZ, A BARBA CURTA E CERRADA E O CABELO RASPADO. DAVA UM POUCO DE MEDO DELE, PRINCIPALMENTE PORQUE O CARA NÃO ANDAVA À TOA PELO BAIRRO, QUASE NÃO FALAVA COM NINGUÉM E ERA ALTO E ENCORPADO. MAS DEPOIS DO MEDO VEIO A CURIOSIDADE E ACABEI REPARANDO NA BELEZA DELE, QUE ERA AMEAÇADORA POR CAUSA DO SEU JEITO DE OLHAR.
DEVIA SER UMAS QUATRO DA MANHÃ QUANDO OUVI UMA VOZERIO LÁ EMBAIXO. ESPIEI NOVAMENTE E LÁ ESTAVAM OS DOIS DE VOLTA NUMA CONVERSA MEIO ALTA. PARECIAM MEIO BÊBADOS, RIAM BASTANTE, TENTAVAM SE CONTROLAR. O AMIGO DELE, QUE EU TAMBÉM JÁ TINHA VISTO PELA VIELA, ERA MENOR E MAIS CLARO, COM JEITO MAIS AMISTOSO. ENTRE FALAS, TEVE UMA HORA QUE ELES BAIXARAM DE VEZ O VOLUME E, QUASE COCHICHANDO, DISSERAM ALGO E SOLTARAM GARGALHADAS. O MAIS ALTO DISSE UM PERAÍ E FOI NO MESMO FIM DO BECO, SACOU A ROLA PARA FORA E COMEÇOU A MIJAR DE NOVO. COMO ANTES EU TINHA DEIXADO PRÓXIMO O MEU BINÓCULO, NA PRESSA TENTEI MIRAR A CENA. SÓ QUE ELE MIJOU MUITO RÁPIDO E SE SENTOU DE NOVO DO LADO DO AMIGO.
ALGUNS SONS DA NOITE, FREADAS DE CARROS AO LONGE, LATIDOS DE CACHORROS E UM VENTINHO PELA JANELA, MISTURADOS À CONVERSA DOS DOIS LÁ EMBAIXO, IMPULSIONARAM-ME PARA FORA DO APARTAMENTO. NÃO SEI BEM O QUE ME DEU. EU PRESSENTI QUE O PAPO DOS DOIS ESTAVA NO FIM E QUIS APARECER NO CAMINHO DO BRAVÃO DE ALGUM JEITO. SÓ QUE A IDEIA ME PARECIA ABSURDA, POIS ALÉM DE CORRER O RISCO DE ME DAR MAL, EU NÃO QUERIA SER NOTADO POR AMBOS AO MESMO TEMPO.
SAÍ PARA FORA DO APARTAMENTO, MEU ANDAR ERA O TERCEIRO, DESCI AS ESCADAS SEM FAZER BARULHO E FIQUEI NO TÉRREO ESCUTANDO. AO OUVIR OS DOIS SE DESPEDINDO, ESPEREI ALGUNS SEGUNDOS E ABRI A PORTA DA PORTARIA. EU SABIA QUE ELES IRIAM EM DIREÇÕES OPOSTAS, POIS O PRÉDIO DO MENOR ERA ALI AO LADO E O DO INVOCADO CERCA DE SETE PORTAIS ANTES DO MEU. ACONTECE QUE, AO ABRIR A PORTA, O MENOR TINHA ACABADO DE CHAMAR O OUTRO PARA FALAR MAIS ALGUMA COISA, E FICARAM SURPRESOS AO ME VIREM SAINDO PELA PORTARIA. PARA DISFARÇAR CONTINUEI CAMINHANDO EM DIREÇÃO À AVENIDA, SÓ QUE AGORA NÃO PODERIA DAR BANDEIRA E OLHAR PARA TRÁS. CHEGUEI NA ESQUINA DA VIELA COM A AVENIDA E OLHEI PARA OS DOIS LADOS. HAVIA UM RESTO DE ATIVIDADE NOTURNA. A ILUMINAÇÃO ALTA E FARTA DOS POSTES MOSTRAVAM OS ÚLTIMOS AMBULANTES NAS CALÇADAS, GENTE PASSANDO E GENTE DANDO UM 'TEMPO'.
FUI CAMINHANDO ALGUMAS QUADRAS E PERCEBI NAQUELE ESPAÇO UMA OUTRA VIDA. CHEGUEI MESMO A ESQUECER QUE MINHA CHEGADA ALI TINHA SIDO APENAS UM DESVIO. ALGUNS PASSANTES VOLTAVAM PARA SUAS CASAS, OUTROS, REPARANDO MELHOR, TINHAM UM PROPÓSITO INDEFINIDO; OLHAVAM PARA MIM, FINGIAM NÃO OLHAR, ALGUNS ENCARAVAM COMO SE ME PERGUNTASSEM QUAL ERA A MINHA. FOI QUANDO PERCEBI QUE MEU PASSEIO DE CHINELOS E CALÇÃO NÃO ERA DE QUEM VOLTAVA DE ALGUM LUGAR, OU QUE IRIA PARA ALGUM LUGAR. EU ESTAVA MESMO COM JEITO DE VADIO QUERENDO SEXO.
UM MANO COM CARA DE BANDIDO PASSOU POR MIM, PERGUNTOU, COM A MÃO NO SACO, SEU EU TINHA HORAS E FOI ANDANDO. NÃO RESISTI E OLHEI PARA TRÁS. ELE ESTAVA PARADO, FEZ UM GESTO MANDÃO COM A CABEÇA PARA EU SEGUI-LO. NA PRÓXIMA ESQUINA ENTROU NUMA CASA EM DEMOLIÇÃO. MAL ILUMINADO, O TERRENO MOSTRAVA UM CAMINHO POR ONDE O CARA TINHA ENTRADO E SUMIDO. COMO EU NÃO TINHA NADA QUE PUDESSE SER ROUBADO, UM POUCO COM MEDO RESOLVI ARRISCAR. FUI ENTRANDO NO CÔMODOS E NUNCA AVISTAVA O OUTRO. ATÉ QUE CHEGUEI NOS FUNDOS E DEI COM ELE EM PÉ E DE COSTAS, COM A CALÇA ARRIADA E A BUNDA À MOSTRA. ERA UM CARA FORTE, DO TIPO CAPOEIRISTA, COM BUNDA E PERNAS BEM MUSCULOSAS. NÃO ERA DE MUITA CONVERSA E JÁ ME ESTENDEU UMA CAMISINHA. PENSEI COMIGO: OU EU COMIA OU LEVAVA PORRADA. NÃO QUE EU NÃO GOSTASSE DE BUNDA, MAS PREFERIA ANTES ME DIVERTIR COM UMA ROLA NA BOCA. POIS FOI JUSTAMENTE O QUE ELE FEZ COM A MINHA: ENGOLIU TUDO, NÃO TINHA COMO NÃO FICAR EXCITADO COM AQUELA MAMADA, QUE ERA SUAVE E RÁPIDA, DO TIPO: 'QUERO ESSE PAU BEM DURO PARA ENFIAR NO MEU CU'. O CARA NÃO PERDEU TEMPO: COM O MEU PAU ATÉ A SUA GARGANTA, DEIXOU ELE LÁ DENTRO UNS SEGUNDOS ENQUANTO SACUDIA A CABEÇA. REPETIU ISSO UMAS DEZ VEZES.
QUANDO ENCAPEI O DANADO, O MANO CUSPIU NA MÃO, LAMBUZOU O PRÓPRIO CU, AGARROU O MEU PAU E ELE MESMO FOI ENFIANDO PARA DENTRO. ENFIOU DE UMA VEZ, E A SENSAÇÃO FOI BOA, SENTI IR ROMPENDO AS PREGAS DO RABO. DAÍ ELE SÓ ORDENOU:
-BOMBA. BOMBA SEM DÓ.
UMA TREPADA ASSIM É QUASE NO SUSTO. FIQUEI, E JÁ ESTAVA, COM TANTO TESÃO QUE QUIS QUE O CARA GOZASSE RÁPIDO PORQUE EU NÃO IRIA AGUENTAR. AVISEI QUE EU ESTAVA PARA GOZAR, E ELE ENTÃO MANDOU EU METER COM MAIS FORÇA. ERA PARA EU METER TUDO E GOZAR DENTRO. ATÉ CHEGUEI A SEGURAR NO PAU DELE, QUERIA FAZÊ-LO GOZAR COMIGO, MAS O INTERESSE DO MANO NAQUELE RESTO DE NOITE JÁ ESTAVA CERTO: EU ERA A CAÇA QUE ELE TINHA ESCOLHIDO PARA FAZER GOZAR. MEU CACETE BRANQUINHO NA PELE MORENA DE SOL DELE DEU MAIS TESÃO PARA OS DOIS: GOZEI FEITO UM LOUCO NAQUELA BUNDA. ELE AINDA SEGUROU MEU PAU LÁ DENTRO, DEU UMAS PISCADAS COM O CU E ARRANCOU MEU PINTO DE LÁ. SUBIU A CALÇA RÁPIDO, DEU UM TAPINHA NO MEU PEITO, AGRADECEU E SAIU DA CASA NA MINHA FRENTE.
QUANDO DOBREI A VIELA NORTE PARA CHEGAR EM CASA FOI QUE LEMBREI POR QUE TINHA ME AVENTURADO NA RUA: PELO VIZINHO BRAVÃO, VIZINHO MIJADOR. DORMI SATISFEITO COM A GOZADA, MAS COM UM INTERESSE AINDA MAIOR NO CARA. NAS SEMANAS SEGUINTES, POR CONTA DO EPISÓDIO NA RUA, FIQUEI MEIO PARADO NA HISTÓRIA DO SEXO VOLÁTIL. OLHAVA PELAS FRESTAS DA MINHA JANELA TODA NOITE, ESTAVA ATENTO A QUALQUER EPISÓDIO DIFERENTE, EM QUEM QUER QUE PUDESSE APARECER NO MEIO DA MADRUGADA. ALGUMAS VEZES, DURANTE O DIA, CHEGUEI A REVER O VIZINHO, MAS SEMPRE DE LONGE, OU PELA JANELA E, ACREDITO, ELE NÃO ME VIA, O QUE AUMENTAVA MAIS AINDA O MEU INTERESSE NO SEU JEITO MEIO ESQUIVO.
NUMA MADRUGADA, REPETINDO A ROTINA DE OLHAR PELA JANELA, VI LÁ EMBAIXO UM MOVIMENTO ESTRANHO: O VIZINHO, COMO A ESQUADRINHAR O CHÃO, PARECIA PROCURAR ALGO BEM NAQUELE VÃO EM QUE ELE COSTUMAVA MIJAR. ANDAVA DE UM LADO PARA OUTRO, ESFREGAVA A BOTA NO CHÃO, SENTAVA NA SARJETA MAS LOGO LEVANTAVA DE NOVO. A SUA IMPACIÊNCIA ERA TANTA QUE EU TINHA CERTEZA DE QUE O OUTRO AMIGO ESTAVA PARA APARECER. NO ENTANTO, QUEM CHEGOU FORAM OUTROS DOIS CARAS DE ESTILO DIFERENTE DO DELE, MEIO MOLAMBENTOS, JEITO DE MORADORES DE RUA, E LOGO ENGATARAM UMA CONVERSA EM TOM BAIXO. FICARAM ALI NAQUELE COCHICHO ALGUNS SEGUNDOS, ENTREGARAM UM PAPELOTE AO VIZINHO E SAÍRAM FORA. QUANDO ELE AMEAÇOU IR ATÉ O CANTINHO DELE PARA MIJAR, EU ME APRESSEI. DESCI AS ESCADAS RAPIDAMENTE, DESCALÇO, ABRI A PORTA DA PORTARIA NO MAIOR SILENCIO E ASSIM, MEIO INDECISO SOBRE O PRÓXIMO PASSO, OLHEI O MEIO BREU DA VIELA SEM CONSEGUIR AVISTÁ-LO. PENSEI COMIGO: DEVE TER ENTRADO NO SEU PRÉDIO.
FUI ME APROXIMANDO DAQUELE VÃO FINAL DA VIELA, OLHEI PARA OS LADOS E PARA CIMA, A VISÃO DANDO UMA PANORÂMICA DAS JANELAS FECHADAS, NENHUMA OU POUCAS LUZES ACESAS, DOS PRÉDIOS. ESTAVA VOLTANDO PARA A MINHA PORTARIA QUANDO UMA VOZ GRAVE DISSE UM: E AÍ? OLHEI PARA A DIREÇÃO DE ONDE ELA VINHA E NÃO AVISTEI NADA, O QUE ME FEZ GELAR POR DENTRO.
-E AÍ, CARA, TÁ PROCURANDO ALGUMA COISA?
NO CANTO DE UMA PARTE MAIS ESCURA, BEM AO LADO DOS LATÕES DE LIXO, SENTADO NO CHÃO, ESTAVA O VIZINHO. TENTEI DISFARÇAR O MEDO.
-CARA, QUE SUSTO! EU NÃO TE VI.
-É, AQUI À NOITE FICA MEIO SINISTRO MESMO. SE BOBEAR A GENTE NÃO ENXERGA NADA.
ALGUMA COISA NO TOM DE VOZ DELE ME INTIMIDOU, EMBORA NO GESTO ELE PARECESSE MAIS PREOCUPADO EM ACENDER A SUA MACONHA. ARREPENDIDO DA MINHA ATITUDE, FUI CAMINHANDO DE VOLTA AO MEU PRÉDIO. ELE, PERCEBENDO A SITUAÇÃO, PONDEROU.
-SE ESTIVER PROCURANDO ALGUMA COISA, POSSO TE AJUDAR. SE BEM QUE...-DISSE ISSO E SOLTOU UMA BAFORADA-SEI LÁ SE TÔ PODENDO AJUDAR ALGUÉM AGORA-E RIU, UMA RISADA MEIO DEBOCHADA. MESMO COM CERTO MEDO, APROVEITEI A DEIXA:
-ALGUM PROBLEMA?
-NADA, NÃO. DEIXA PRA LÁ-BAFOROU OUTRA VEZ-É ALGUMA COISA QUE EU SAQUEI QUE EU PERDI, MANJA? SEI LÁ, TÔ DE BOBEIRA.
PEDI LICENÇA E ME RETIREI DE VEZ. ABRI A PORTA DO PRÉDIO, ESTAVA SUBINDO AS ESCADAS E PAREI. MAS QUE INFERNO! QUÊ QUE EU TINHA A PERDER?
DEI MEIA VOLTA, DESCI TODOS OS DEGRAUS E, AO PARAR NOVAMENTE NO TÉRREO, SENTI MEDO E ÓDIO DE MIM MESMO. DE FORA, POR CIMA DOS VIDROS DA PORTARIA, UMA LUZ PRATEADA PROJETAVA MINHA SOMBRA NA ESCADARIA. VENCIDO, VOLTEI PARA MEU APARTAMENTO.
PELA MADRUGADA TIVE SONHOS COM O VIZINHO. ACORDEI VÁRIAS VEZES E PERCEBI QUE AQUELE FASCÍNIO ESTAVA ME DEIXANDO IDIOTA, AFINAL, O CARA JÁ TINHA DEMONSTRADO QUE NÃO ERA VIOLENTO. FIQUEI QUIETO ALGUNS DIAS. DEPOIS PASSEEI ALGUMAS MADRUGADAS PELA VIELA, DEI UM TEMPO POR ALI. NÃO CONSEGUIA CRUZAR MAIS COM O VIZINHO, NEM DE NOITE E NEM DE DIA. O BREU DA VIELA, ENTÃO, TORNOU- SE UM LOCAL MEIO FANTASMAGÓRICO E DURANTE UM DESSES PASSEIOS, OLHANDO PARA DENTRO DE UMA PORTARIA DE UM PRÉDIO VAZIO, OUVI UM 'EI, CHEGA AÍ'. ERA ELE. ESTAVA ENCOSTADO NA ESCADARIA, ILUMINADO SOMENTE NO ROSTO E EM PARTE DAS PERNAS. NAQUELE MOMENTO RECORDEI TUDO O QUE JÁ TINHA FEITO COM ELE, TODA A LOUCURA E ESCULHAMBAÇÃO DE QUEM É COMIDO COM VIOLÊNCIA E GOSTA.
SIM, NA NOITE DA MACONHA, AO VER MINHA SOMBRA PROJETADA NA ESCADARIA, EU ABRI A PORTA. FUI ATÉ O VIZINHO, QUE CONTINUAVA FUMANDO SUA MACONHA E MAIS LARGADO. TINHA DADO OUTRA RISADINHA SAFADA E FALOU:
-CARA, VOCÊ TÁ PROCURANDO ALGUMA COISA. AH, TÁ SIM!
E COMEÇOU A PASSAR A MÃO NO SACO. DEVAGAR LEVANTOU-SE E CONTINUOU SE ALISANDO. DAÍ, COM A CARA BEM CÍNICA, FOI DESCENDO BEM DEVAGAR O ZÍPER DA CALÇA E LIBERTOU PARA FORA UM CARALHÃO QUASE QUE TOTALMENTE MOLE. DEIXOU ELE SOLTO, TRAGOU MAIS UMA VEZ SEU CIGARRO, SEM PRESSA, COMO SE JÁ TIVESSE CERTEZA DE QUE EU FARIA O SERVIÇO.
EU FIZ. OLHEI PARA ELE, FUI CHEGANDO MAIS PERTO, SEGUREI NA ROLA E AJOELHEI. UMA COISA QUE ESTAVA ME DEIXANDO LOUCO NAQUELES DIAS ERA A VONTADE DE SENTIR O CHEIRO DAQUELE HOMEM. E NADA MELHOR DO QUE DE CARA JÁ SENTIR O CHEIRO DO PAU. PARA MIM VALE MAIS UMA ROLA QUE TENHA CHEIRO DE ROLA, NÃO SUJA, É CLARO, MAS NADA DE LIMPEZA TOTAL. UMA ROLA LIGEIRAMENTE SUADA OU AMANHECIDA É O IDEAL, DESPERTA O TESÃO. FUI ENGOLINDO A CABEÇA DO PAU DELE, ENGOLINDO E RODEANDO A LÍNGUA NELA. E SENTI AQUELE CACETÃO IR INCHANDO, MINHA BOCA FICAVA CADA VEZ MAIS CHEIA. PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA EU AGIA CONFORME A MINHA VONTADE. EU QUIS CHUPAR ESSE VIZINHO SEM PRESSA, O TEMPO QUE FOSSE NECESSÁRIO SÓ PARA NÃO ESQUECER; NÃO ESQUECER DO GOSTO, DO TAMANHO, DA TEXTURA DO PAU DELE. COMO ELE APARENTAVA SER UM DESOCUPADO NA NOITE, TIVE A IMPRESSÃO DE QUE PODERIA FICAR MAMANDO ATÉ AMANHECER.
MAS O BRAVÃO TINHA OUTROS DESEJOS. ELE TIROU SUA ROLA DA MINHA BOCA, ME PUXOU PARA PERTO DELE E ESPALMOU A MÃO NA MINHA NUCA. DAÍ ME VIROU DE COSTAS, APERTOU COM FORÇA A MINHA CINTURA E METEU A LÍNGUA NO MEU PESCOÇO. COMEÇOU COM LAMBIDAS DE BAIXO PARA CIMA ATÉ MORDER E CHUPAR MUITO MINHAS ORELHAS. FUI FICANDO CADA VEZ MAIS COM MEDO E DESARMADO PORQUE NÃO ERA DIFÍCIL IMAGINAR AS INTENÇÕES DELE. DE COSTAS EU PROCURAVA COM A MÃO O PAU DO CARA, DURO A PONTO DE ESTOURAR. E COM HABILIDADE, SEM TIRAR A BOCA DO MEU PESCOÇO, NUCA E ORELHAS, ELE FOI DESCENDO MEU CALÇÃO. UMA BRISA GELADINHA ASSOPROU NA MINHA BUNDA, FUI SENTINDO O CARALHO DELE COLAR E DESCOLAR NAS MINHAS COXAS E NO REGO, JÁ BASTANTE LUBRIFICADO. MESMO ASSIM ESSE VIZINHO SAFADO NÃO DEIXAVA DE ME CHUPAR NO PESCOÇO, QUASE DESINTERESSADO DE QUERER ME COMER. E ENTÃO É QUE ELE ME DEU MOTIVOS PARA NUNCA MAIS ESQUECÊ-LO: FEITO FARMACÊUTICO QUE APLICA INJEÇÃO SEM CAUSAR DOR, ELE ABRIU DE UMA HORA PARA OUTRA AS BANDAS DO MEU RABO E ENCAIXOU TÃO RÁPIDO A ROLA EM MIM QUE ME SENTI TRAÍDO NA CONFIANÇA. MUITO RASTEIRO ELE TINHA LAMBUZADO O PAU DE SALIVA, MAIS RASTEIRO ELE TINHA LAMBIDO A PRÓPRIA MÃO E BESUNTADO MEU CU. E ENTÃO ENTROU COM TUDO. SE EU DISSER QUE NÃO DOEU, SERIA MENTIRA. MAS A SURPRESA E O PRAZER FORAM ALIADOS. ELE ME FEZ APOIAR OS BRAÇOS NA PAREDE E FICOU ME ENRABANDO. IA E VINHA, IA E VINHA. AGARROU NOS MEUS CABELOS, SUSSURAVA MUITA BESTEIRA NO MEU CANGOTE.
-AGORA O NEGÓCIO É SÉRIO, BRANQUELINHO. VOU TE ARREGAÇAR.
E FOI. FOI E VOLTOU VÁRIAS VEZES. ME IMPRENSAVA NA PAREDE E SOCAVA. DEPOIS FAZIA EU IR E VIR, ERA EU QUEM COMIA COM O CU AQUELE PAU. O CARA, FERA, ERGUIA A MINHA PERNA, ENFIAVA DE UMA VEZ COM UMA PARADINHA, METIA RÁPIDO, METIA LENTO ATÉ O TALO. E NADA DE GOZAR. QUANDO PENSEI QUE NÃO IRIA AGUENTAR MAIS, SENTI QUE NA REALIDADE EU QUERIA CONTINUAR DANDO PARA ELE. ERA COMO SE MEU CU FOSSE UM ÚNICO LUGAR ONDE ESSE CARA LINDO PUDESSE SE FARTAR. FOME ERA A PALAVRA, EU ESTAVA LOUCO DE VONTADE DE QUERER FICAR DANDO, ELE LOUCO DE QUERER FICAR COMENDO. POR MIM, QUE FOSSE ATÉ AS PRIMEIRAS BUZINADAS DA MANHÃ NA AVENIDA.
PARA QUEM ESTÁ HABITUADO NA VIDA DE SEXO, ESSA HISTÓRIA DE NÃO GOZAR NUNCA PODE SER MAU SINAL: OU ALGUÉM PASSOU DO PONTO OU PERDEU O TESÃO. CHEGUEI A PENSAR ISSO DO VIZINHO, MAS VI QUE ERA FANTASIA MINHA; AS PARADINHAS QUE ELE DAVA ERAM JUSTAMENTE PARA NÃO GOZAR. AINDA METENDO A LÍNGUA POR TODO O MEU PESCOÇO, ELE ME FEZ BAIXAR PARA O CHÃO, SEM TIRAR A ROLA DE DENTRO DE MIM, PUXOU UNS PAPELÕES E DEITAMOS ALI MESMO. DE LADINHO, BOMBANDO MAIS DEVAGAR, COM UMA DAS MÃOS ALISANDO O MEU PEITO, ELE CHEGOU NO MEU OUVIDO:
-ESCUTA AQUI, MEU PUTINHO, EU QUERO VOCÊ.
E VIROU O MEU ROSTO PARA O DELE, ENCOSTOU A BOCA NA MINHA, FOI ENFIANDO A LÍNGUA DENTRO, UM BEIJO BEM ARREGAÇADOR. COM A MÃO SEGURAVA MEU ROSTO, GRUDAVA LÁBIO COM LÁBIO, E IA SOCANDO O PAU EM MIM. AINDA LEMBRO ATÉ HOJE O QUANTO ME SOBRESSALTEI QUANDO OUVIMOS PASSOS E VOZES DE GENTE SE APROXIMANDO. ELE ME SEGUROU COM MAIS FORÇA.
-CALMA, BRANQUELINHO, NÃO DÁ PRA ENXERGAR A GENTE AQUI. E MESMO QUE ENXERGUEM, NINGUÉM TEM NADA A VER COM NOSSA VIDA.
MAS OS PASSOS E A VOZES FORAM AUMENTANDO TANTO, ESTAVAM TÃO PRÓXIMOS QUE EU TINHA CERTEZA DE QUE JÁ NOS TINHAM VISTO. O VIZINHO NÃO SE INTIMIDAVA.
-FICA FRIO-DISSE NUM SUSSURRO.
FOI QUANDO SENTI DENTRO DE MIM UM JATO DE PORRA SAINDO, OUTRO JARRO, E OUTRO. O VIZINHO, BEM SILENCIOSO, FOI TENDO VÁRIOS ESPASMOS, SOCOU MAIS ESPAÇADAMENTE E BEM FUNDO, GOZOU COMO UM DOIDO. E NÃO QUIS ME DEIXAR NA MÃO. SEGUROU NO MEU PAU, FOI ME PUNHETANDO COM VONTADE E FALANDO BESTEIRAS NO MEU OUVIDO.
-GOZA, BRANQUELINHO, GOZA, PUTINHO SAFADO.
NAQUELE RESTO DE NOITE E COMEÇO DE MANHÃ, SONHEI VÁRIAS VEZES COM ELE. O SONHO ERA UMA REPRISE DO QUE SE TINHA PASSADO NAQUELA VIELA. QUANDO DEIXAMOS DE OUVIR AS VOZES E A PORTA DE UM DOS EDIFÍCIOS SE FECHOU, FOI QUE LEVANTAMOS DO CHÃO. ACHO QUE FIZ UMA CARA DE TAMANHA INTERROGAÇÃO PARA O VIZINHO QUE ELE SE ADIANTOU.
-NÃO ESQUENTA, NÃO, BRANQUELINHO, A GENTE AINDA VAI FODER MUITO.
AQUELA PROMESSSA ACALENTOU MINHA VIDA E MINHAS NOITES. EU QUERIA MAIS, QUERIA MUITO MAIS DELE. NINGUÉM TINHA ME VIOLADO DAQUELE JEITO E DE CERTA FORMA SE PREOCUPADO TANTO COMIGO, SEXUALMENTE FALANDO. A PELE MORENA, AQUELE MONTE DE PÊLOS E O CHEIRO DELE, ALÉM DA FORÇA QUE TINHA NAS MÃOS E NA SOCADA, ME DEIXARAM VICIADO.
E FORAM VÁRIAS AS NOITES QUE DESCI AS ESCADAS PARA A VIELA, VÁRIAS AS NOITES EM QUE ELE DEMOROU PARA APARECER, VÁRIAS AS NOITES EM QUE ELE NÃO APARECEU. ALGUMAS VEZES ELE ME ASSUSTAVA, POIS JÁ ESTAVA NAQUELE ESPAÇO BREU DA VIELA, E ENTÃO SURGIA COM AQUELE OLHAR ASSASSINO. UMA VEZ RESOLVEU ME AMARRAR OS PÉS E A MÃOS PARA TRÁS, E ME COMEU DESSE JEITO, COMIGO DEITADO NO PAPELÃO E COM O CALÇÃO ARRIADO ATÉ A CORDA. EM OUTRAS OCASIÕES ME LEVOU ATÉ SEU PRÉDIO E ME ENRABOU NOS CORREDORES, FAZIA EU AJOELHAR PARA CHUPAR SUA ROLA, ENFIAVA ATÉ A MINHA GARGANTA E DAVA UNS TAPINHAS LEVES NA MINHA CARA.
E DEPOIS DE TANTA FORNICAÇÃO, O VIZINHO REALMENTE DESAPARECEU. NUNCA ME PREOCUPEI EM SABER QUAL APARTAMENTO ELE MORAVA, NEM O QUE FAZIA OU COM QUEM DIVIDIA A VIDA, SE TINHA MAIS AMIGOS ALÉM DAQUELE QUE EU JÁ TINHA VISTO. O FATO DE MORARMOS TÃO PRÓXIMOS PARECIA-ME SUFICIENTE. ATÉ QUE SEU DESAPARECIMENTO ME FEZ TER CRISES DE ABSTINÊNCIA. EU ACORDAVA NA NOITE, DESCIA AS ESCADAS, ZANZAVA PELA VIELA, IA ATÉ A AVENIDA. A NOITE FOI SE TORNANDO SINÔNIMO DE ESPERA E AMARGURA, EU PERCEBIA QUE NUNCA TROCÁRAMOS MAIS DO QUE POUCAS PALAVRAS, PALAVRAS O SUFICIENTE PARA NOSSO VÍCIO DE SEXO E DOMINAÇÃO. O VIZINHO, PORTANTO, ERA TOTAL DESCONHECIDO; DESCONHECIDO QUE SURGIA NA PENUMBRA, NOS MOMENTOS EM QUE MEU CU LATEJAVA DE VONTADE DE SER INVADIDO E SOCADO, NOS MOMENTOS EM QUE EU IMPLORAVA POR UMA FORÇA QUE CUIDASSE DE MIM. A NOITE DE SILÊNCIO ESCONDIA GRITOS QUE ERAM DO DESEJO E DA SOLIDÃO DAQUELES ENCONTROS. EU E O VIZINHO, UMA UNIÃO QUE INCLUÍA SUOR E CHEIRO FORTE, MEU E DELE, E UMA GANA DE LIBERAR HORMÔNIOS, LIBERAR MUITA PORRA, PORRA DELE NA MINHA CARA, DENTRO DE MIM, ATÉ O PONTO DE ORDENAR QUE ELE MIJASSE NA MINHA CARA DEPOIS DE TER GOZADO.
APÓS MUITO TEMPO DESAPARECIDO, NESSA NOITE EM QUE O REENCONTREI DENTRO DA PORTARIA DE UM PRÉDIO VAZIO E 'EI, CHEGA AÍ', A CARA E O CORPO NA PENUMBRA, PERCEBI QUE ESTAVA PERDIDO POR ELE. FUI ENTRANDO NA PORTARIA COM OS MESMOS MEDOS DE ANTES. E FUI VENDO QUE ELE PERMANECIA PARADO, E COÇAVA O SACO, ESTAVA BAIXANDO O ZÍPER, O PAU PULOU PARA FORA, UM SORRISO SACANA PARA ME DIZER QUE EU TINHA DONO, E EU, JÁ COM O CU ARDENDO, IA ESCUTANDO SEUS DESAFOROS, QUASE PERTO, QUASE OUVIDOS, DIZENDO QUE EU ESTAVA FODIDO, QUE HOJE, BRANQUELINHO, ELE IRIA ACABAR COMIGO.

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